A tanto a ser dito, mas ela só consegue ficar calada, a tanto a ser imaginado, mais ela só consegue falar. Uma completa estranha aos seus instintos, nunca completa, sempre faltando, sempre. Não sabia o seu lugar, a solidão era a sua companhia quando a noite vinha, sempre se via cercada de vultos, nunca estão lá, somente aparentam está. Era apenas mais uma garota que não sabia o que queria, nunca amou, mais assistiu nos filmes, sabia como era, claro que sabia, era a sua única realidade. Os vultos falavam que ela deveria mudar, que deveria crescer, que falava demais e que deveria manter as aparências, então cresceu, saiu dos filmes e começou a agir, mais como? Nada era igual! O mundo real é bem mais gostoso e cruel, então o amou, nunca soube porque, mais amou pra valer, que pena que foi sozinha, e se descobriu chorando. Ela não era bonita, não era magra, não tinha os cabelos lisos ao vento e nem um sorriso bonito, mais sabia quem era e não se perdia, esse foi o seu erro. Até que um dia ela se esbarrou em um cara, meio simpático, com um sorriso encantador, como todos, nada novo. Ela já entendia disso, não caiu em seus joguinhos, mas ele mal havia começado a jogar. Ela não era boa o bastante e mais uma vez chorou. Resolveu dar um basta, havia cansado de mocinhos e de bandidos, não queria nenhum dos dois, não queria nada, só a si mesma, mas descobriu que ela não era boa o bastante para si própria, não conseguiu se satisfizer com a sua própria companhia, a solidão não vinha mais de noite, estava ao seu lado todo tempo, a ausência do que ela ainda ia perder a assombrava, o medo de não conseguir a perseguia, então descobriu que não a falta na ausência; ausência é um estar em si, sentia-se branca, tão pegada, aconchegada em seus braços, inventava exclamações alegres, ria e dançava. Porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém vai roubar mais dela.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Interrompida
Você já confundiu um sonho com realidade? Ou roubou algo quando tinha dinheiro pra comprar? Já se sentiu triste? Ou achou que o trem andava quando ele estava parado?Talvez eu fosse louca mesmo. Talvez fossem só os anos 60. Ou talvez eu fosse só uma garota... Interrompida. Eu sabia como era querer morrer, como dói sorrir, como você se fere por fora tentando matar o que tem por dentro. Quando você não quer sentir nada, a morte pode parecer um sonho. Mas ver a morte mostra como é ridículo sonhar com ela. Talvez haja um momento, quando crescemos em que perdemos uma casca. Existem muitas feridas lá fora. Desperdicei um ano da minha vida. Talvez o mundo todo seja idiota e ignorante, mas prefiro estar nele! Declarada sadia e enviada de volta ao mundo. O que isso significa, ainda não sei. Será que um dia fui louca? Talvez. Ou talvez a vida é que seja. Ser louco não é estar quebrado, ou engolir um segredo sombrio. É ser como você ou eu amplificado.
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